Filme “Problema de gênero: as caminhoneiras“ – exibição on-line durante o mês da visibilidade lésbica

O Projeto Memória Lésbica orgulhosamente traz neste mês, a exibição on-line do filme “Problema de Gênero: As Caminhoneiras”, traduzido e legendado pela editora lésbica independe Heretika.

O filme da diretora Lisa Plourde, presente também no filme dando depoimentos, ficará on-line até o final de agosto com acesso a senha no vimeo, basta digitar “memoriarebelde7020” (Também consta no final do post).

No dia 31 de agosto, domingo, as 17h, teremos debate no zoom com a diretora. Para participar, mande e-mail para nós: memorialesbicas@gmail.com.
”Ao contrario do estereótipo, lésbicas caminhoneiras não estão falhando em ser mulheres. Elas não estão passando por uma fase rebelde ou imitando homens. Pelo contrário, elas são mulheres que por estarem sendo verdadeiras com elas mesmas, podem parecer e agir de maneiras que a sociedade decidiu que são apropriadas somente para homens. E algumas pessoas tem problema com isso.
As mulheres representadas neste filme examinam e desafiam presunções da sociedade do que significa ser feminina/mulher. Seus conflitos mostram como todas, independente da sua sexualidade, somos pressionada a se conformar e corresponder aos restritivos padrões de genêro. Mas elas também mostram as recompensas que vem quando nós aprendemos nos aceitar como nós somos. Este é um filme para celebrar a mulher caminhoneira.
 
Esse filme não é sobre problemas superficiais como roupas ou a estética da caminhoneira. É sobre o dilema de tentar ser verdadeira consigo mesma e o desafio de não se enquadrar. As mulheres neste filme tiveram todas que lidar com o julgamento e rejeição porque elas são obviamente lésbicas e inconfundivelmente caminhoneiras.
 
Enquanto lesbicas e gays desfrutam de uma maior aprovação da sociedade no geral, esta tolerância sempre é limitada a individuos que pareçam mais como os heterossexuais: homens masculinos e mulheres femininas. Há muito menos comodidade e aprovação com aquelas que não têm conformidade com as expectativas de gênero, como as mulheres caminhoneiras. Este desconforto existe, espantosamente, as vezes até em comunidades não-heteros.
As mulheres representadas neste filme examinam cuidadosamente e desafiam as suposições da sociedade sobre o que significa ser masculina ou feminina. Elas mostram como elas aprenderam a lidar e se desenvolver num mundo que não prestigiaram elas. As mulheres deste filme são referentes dos desafios e vitórias que vem com o aprendizado de aceitar a nós mesmas como somos.“

link no vimeo

SENHA: memoriarebelde7020

Quarentena Lesbofeminista – grupo de leituras online de teorias lésbicas

Enquanto presenciamos a derrocada do patriarcado e o desenrolar do caos completo decorrente das necropolíticas ecocidas masculinas, do qual um vírus é somente uma das consequências, nós lésbicas radicais precisamos mais do que nunca criar territórios aquém e além da realidade masculina, deixando para trás definitivamente a normalidade heterossexista.

Convidamos todas as lésbicas interessadas a participarem da Quarentena Lesbofeminista – grupo online de leitura de teorias lésbicas. É um convite a explorarmos a potência do pensamento lésbico vital e sem amarras.

O isolamento social por conta da covid-19 nos obriga a ficar em casa, ou a reduzir nossa vida social. Mas para nós lésbicas a domesticidade, outrora desprezada, tem significado a redescoberta de uma liberdade, por fora da hostilidade do mundo externo masculino. Homens definiram o mundo público como o espaço da real-política, nós acreditamos no valor do íntimo, pois é na privacidade feminina que podemos confabular resistências e imaginar a reinvenção da vida longe das vistas do patriarcado.

Afirmemos a quarentena como oportunidade de nos retirar de vez: deixemos lá fora o vírus e a ordem simbólica masculina. A pandemia de coronavírus é expressão do fracasso do patriarcado. É agora mais que nunca a oportunidade de renegar seu mundo.

Convidamos as lésbicas a usarmos criativamente esse espaço potente que é a interioridade: ressignifiquemos desde um olhar sapatão como local de criatividade, prazer, autocuidado, crescimento pessoal e intelectual, ginoafeto virtual. E para aquelas de nós obrigadas a permanecerem isoladas com pessoas perpetuadoras de lesbo-ódio, é hora de apostar na criação de redes e de conexões e no poder da palavra entre mulheres. Estaremos criando ordem simbólica lesbiana e apreciação das nossas genealogias, aprendendo do pensamento autônomo de mulheres, por meio de encontros virtuais que recuperam a coletividade entre sapatonas para além das falsas fronteiras machistas que nos dividem.

Deixemos o mundo dos homens, suas políticas e problemas de fora. Essa crise não é nossa. Que mundo podem as lésbicas criar?


Os encontros ocorrerão por meio de videochamada em grupo a cada 15 dias na plataforma jitsi, escolhida por ser online e segura. O link da reunião virtual será enviado por e-mail às registradas. Este primeiro encontro ocorrerá dia 10 de maio (domingo) consistindo na leitura do texto de Susan Hawthorne “A Despolitização da Cultura Lésbica” – o pdf está em anexo na página e também está o texto para visualização online na página.

Por motivos de segurança contra a violência masculina (que pode ser física e virtual) pedimos que responda o formulário de registro.

Dúvidas escrever a: memorialesbicas@gmail.com

Jornada da Memória Lésbica – 24 de Agosto de 2019. Registros e manifesto

Este ano foi comemorado 50 anos da revolta de Stonewall, apesar de nunca mencionarem que foi uma insurreição  iniciada por uma lésbica butch Drag King, a Stormé DeLarverie. Mas essa é a nossa história como mulheres e lésbicas? Desde o … Continue reading

1a Semana da Visibilidade Lésbika na Figueira

visibilidade lesbika figueira blog-01

mais info: https://figueira.noblogs.org/post/2016/08/15/atualizacoes-y-destrinchamentos-i-semana-da-visibilidade-lesbika/

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A lésbica que NÃO SOMOS

(adaptado de la arepa chora, radio lésbica chilena)

Não somos a lésbica que parece hetero e que gosta disso.
Não somos a lésbica que restringe sua lesbiandade ao que faz na sua cama.
Não somos a lésbica que se apaixona por ‘pessoas’, não de mulheres, como se o amor romântico desintegrasse o Patriarcado.
Não somos a lésbica que se nomeia bissexual.
Não somos a lésbica que perdoa a misoginia de seus amigos gays porque eles são “tão discriminados como nós”
Não somos a lésbica que acredita que colocar saia e saltos é a revolução porque “rompe o estereótipo da lésbica feia e masculina”
Não somos a lésbica que se vale do trabalho precarizado doméstico de outras mulheres para poder fazer sua vida laboral, esportiva e acadêmica.
Não somos a lésbica que pede ao Estado segurança para seu ninho de amor heteronormado.
Não somos a lésbica que paga milhares de dólares para inseminar-se sem questionar a especulação com que a indústria médica se enriquece as custas de seu “instinto materno”. 1
Não somos a lésbica que acredita que o problema está em que algumas somos muito radicais e violentas e não no sistema radicalmente misógino.
Não somos a lésbica que quer ser desejada, nos basta com o sermos desejantes.
Não somos a lésbica que quer conseguir acordos com um mundo que nos odeia.
Não somos a lésbica que aplaude as novas masculinidades de seus amigos mas detesta uma sapatão masculina.
Não somos a lésbica que acredita que ser respeitosa é ficar calada ante a lesbofobia e o racismo.
Não somos a lésbica que acredita que tudo vai melhorar.
Não somos a lésbica que acredita que somos ‘todxs iguais’.
Não somos a lésbica que fala de visibilização e normalização como sinônimos.
Não somos a lésbica que gosta das mulheres “bem mulheres”.
Não somos lésbica que quer ser presidenta, policia, militar ou acionista.
Não somos a lésbica que celebra o orgulho gay.
Não somos lésbica que celebra festas pátrias.
Não somos lésbica que acredita na maternidade como propriedade privada.
Não somos lésbica que se sente cômoda em sua lesbianidade de profissional de classe média.
Não somos lésbica que acredita que a atriz hollywodiana que sai do armário se parece comigo.
Não somos lésbica que se importa mais com se o casamento gay é legal nos EUA do que se matam indígenas na cidade em que nasceu.
Não somos lésbica que crê que ser lésbica é apenas ter sexo com mulheres.
Não somos lésbica que acredita que basta somente ser lésbica.
Não somos lésbica que acredita que estar gorda é ruim para a saúde.
Não somos lésbica que defende o discurso dos direitos humanos.
Não somos lésbica que acredita que o aborto clandestino não é de sua incumbência. 2
Não somos a lésbica que agradece de viver em um país “mais avançado” em “temas de gênero”.
Não somos lésbica que acredita que o feminismo é algo que passa em uma marcha, fora de nós mesmas.


1 Faltou mencionar o eugenismo/racismo dessas práticas de inseminação artificial, além de que lésbicas elitizadas chegam a promover a atrocidade que são as ‘barrigas de aluguel’ utilizando do corpo de outras.

2 Aborto clandestino é uma prática ilegal e onde lésbicas se arriscam maior parte das vezes por mulheres heterossexuais, sendo as lésbicas as que mais realizam ações diretas neste sentido e mantêm as ‘linhas de aborto’ na latino-américa, são as que mais fazem corres para que mulheres possam abortar. Também está a questão de estupro corretivo que faz com que aborto seja uma pauta que lésbicas não podem abandonar. Mas o problema está na abordagem dessa questão: não parece ser a perspectiva mais radical o aborto em si, e sim o fim da prática heterossexual e da supremacia masculina. Não entendo lésbicas e arriscando em políticas de redução de danos sem pautar a radicalização dessa discussão. Ao invés disso chegam a criar discursos liberais onde ‘celebram’ o aborto, procedimento muitas vezes traumático se realizado em condições insalubres e inseguras. Outra questão é, aborto só existe porque heterosexo existe, em muitos casos de que adianta se arriscar a conseguir abortamento para uma mulher quando isso se torna uma zona de conforto para homens da esquerda, que ficam ainda mais seguros de convencer uma mulher a transar sem camisinha, pois alguma feminista conseguirá um aborto para ela? Isso não responsabiliza os homens nem visibiliza a violência que é engravidar alguém contra sua vontade, quando homens criam falso consentimento sexual. Isso nos faz chegar a conclusão de que toda prática sexual onde mulheres saem grávidas é um abuso, pois o homem não a quis proteger e isso em si é uma violência. Não acho que aborto possa ser abordado de forma leviana, é uma discussão bem maior. Algumas chilenas chegam a reduzir lesbianidade a um simbólico heterossexual, reivindicando que ‘lesbianidade é o melhor contraceptivo’. Lesbiandade não é contraceptivo, é um projeto político radical que não se resume a sexo ou mera alternativa individual à heterossexualidade.

Jornada Autônoma da Visibilidade Lésbica

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29 de agosto é o dia da Visibilidade Lésbica. Em ocasião desta data, a Círcula de Reflexões Lesbafeministas convoca todas as sapatonas, fanchas, caminhoneiras, entendidas, lésbicas, bate-bolachas, cola-velcros, tesourinhas, tríbades e roçadeiras para um dia inteiro de atividades voltadas à celebração da nossa resistência, memória e rebeldia.
Se não nos fazemos visíveis, não existimos. A Visibilidade Lésbica que queremos é a visibilidade da nossa resistência enquanto mulheres rebeldes e em desacato constante à Supremacia Masculina. É dar a ver a existência lésbica à outras irmãs sapas para saibam o que são, que há outras como elas, que elas possuem um nome – Lésbicas – para que tomemos consciência da nossa condição política enquanto lésbicas: de que somos foragidas da Heterossexualidade Obrigatória enquanto regime de submissão das mulheres. Ao escapar da heterossexualidade não estamos apenas exercendo uma orientação sexual diferente, estamos ousando criar uma existência independente da aprovação masculina. 
Somente com mais e mais lésbicas visíveis nos fazemos fortes e acessíveis à outras lésbicas, agora talvez sozinhas. Visibilidade Lésbica é sobre nosso apoio-mútuo no enfrentamento da Lesbofobia, violência, heterossexismo. Somente com mais e mais lésbicas nas ruas e e todos demais espaços – políticos, simbólicos, nas artes, na literatura, na história – podemos crescer em numero e idéia para derrubar o sistema da supremacia masculina.
O Patriarcado (sistema da Dominação Masculina) trata de ocultar e reprimir as lésbicas porque esta é uma idéia perigosa para o poder dos homens, que depende da exploração das mulheres. Se todas mulheres se tornassem lésbicas hoje, derrubaríamos o Patriarcado. Lésbicas vem, durante os séculos, existido, mesmo perseguidas, mortas e torturadas, queimadas como bruxas, deportadas de seus países, trancafiadas em prisões ou hospitais psiquiátricos, excluídas, tendo que viver de forma escondida ou negando seu desejo. As lésbicas, antes de qualquer movimento feminista organizado, vêm vivendo de forma autônoma dos homens, muitas chegaram a morrer antes de negar sua paixão. Em homenagem àquelas que nos antecederam celebramos nossa consciência lésbica e a transmitimos às demais, lutamos para que mais e mais lésbicas, assim como todas as mulheres,  possam ser livres. 
Nossa proposta é recuperar os espaços e a culturas lésbica, num contexto em que estes estão sob ataque. Os espaços lésbicos e a palavra lésbica estão em desaparição, e isso se deve à lógica neoliberal que vem colonizando os movimentos sociais, dentre eles o lesbianismo e feminismo como movimentos políticos. Nossa Jornada se propôe a ser Autônoma em questionamento das lógicas mercantilistas, capitalistas, governistas, institucionais, academicistas, médicas, liberais, elitistas, racistas, anti-feministas e anti-lésbicas que vem tomando o movimento lésbico, chegando a apagar até mesmo a palavra ‘lésbica’ destes, trocando por termos como ‘les-bi’ ou ‘queer’, “LBGT”, e outros. Queremos espaços específicos e exclusivos de lésbicas para nossas demandas. Queremos pensar em alternativas autogestivas para nossa comunidade que saia do modelo de ‘políticas públicas’ e de pedir coisas ao Estado, que consideramos Patriarcal, Racista e Capitalista. Não queremos que o sistema assimile a Revolta Lésbica. Queremos incitá-la para revolucionar este mundo!
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PROGRAMAÇÃO
10h: oficina de autodefesa lesbika para reflexão e enfrentamento à violência masculina (10h-12h)
12h: almoça beneficente vegana – livre de exploração animal!
13h: roda de conversa sobre visibilidade lesbica, resistência e invisibilidade de lesbicas negras, pobres, mães, presas, imigrantes, gordas, deficientes…
15h30: curta “Meu Mundo é Esse” de Márcia Cabral, sobre lésbicas negras. 
16h: oficina de saúde e ginecologia auto-gestionada para lesbikas – Lesbofobia na saúde, medicalização e heterossexualização das corpas lésbicas e estratégias de autonomia.
17h30. Sarau Lésbico. Traga suas escritas ou de autoras que você goste!
19h às 22h. Apresentações Culturais.
    Luana Hansen 
    Mc Lua
   exposições e apresentações artísticas 
   
* Mostra fotográfica sobre cotidianidade das lésbicas, Giovana Pellin.
* Exposições de ilustrações com temática sapatão (Traga sua arte e participe também!).
* Apresentação artística “malabarima” por raposa.
* Vai ter FEIRINHA LIVRE de materiais lésbicos: camisetas, bottons, zines, patchs, chaveiros, colares de labrys, copinhos menstruais, comidinhas veganas… Em apoio à autogestão das lésbikas e suas atividades subversivas!
Traga sua banquinha também caso também produza  artesanato. 
Nos somamos a campanha de arrecadação de absorventes para presas. Se puder traga absorventes externos descartáveis que estaremos recolhendo!
* Mães lésbicas: haverá uma ciranda durante o evento para ficar com as suas crianças.
* Este espaço pretende ser inclusivo a todo tipo de lésbicas. Se você tem alguma demanda para facilitar o acesso a este espaço, escreva para circula.lesbafeminista@riseup.net 
* Para quem for almoçar no local: vamos realizar uma almoça vegana, com contribuição de 7 reais, para apoiar atividades lesbafeministas. Não é obrigatório participar na almoça se você quiser trazer seu lanche. Se você não puder pagar este valor converse com a organização e combinamos.
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Onde: CICAS – Centro Independente de Cultura Alternativa e Social
Avenida do Poeta, 740 – Jardim Julieta Terminal de Cargas Fernão Dias
Quando: 30 de agosto, domingo.
Como chegar: do metro Belém (linha vermelha) pegar ônibus 172R-10 Jaçanã, descer na praça Carlos Koseritz. O CICAS fica no meio da praça. Caso haja dúvidas, basta perguntar às pessoas do bairro pois o centro é conhecido na comunidade!
(tem ônibus que vem também do Tatuapé da linha vermelha, o 172J-10 Jardim Brasil na rua Enrique Sertorio, 101, descer na mesma praça acima, e da estação Tucuruvi da linha azul, na Avenida Nova Cantareira, 2475, o ônibus 1720-10 Jardim Guanca descer na Praça dos Sonhos da Menina).
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Por todas as lésbicas:
Negras, mães, periféricas, indígenas, imigrantes, deficientes, idosas, jovens, gordas, presas, assumidas e não-assumidas. Visíveis ou não. Por todas as lésbicas que resistem para existirem.
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contato: circula.lesbafeminista@riseup.net