(resenha por formiga)
livreto EU-LESBIKA por FORMIGA
(resenha por formiga)
Então porque quando Eu como uma lesbiana butch negra bio
/cis quero criar um espaço separado para celebrar nossa identidade e reconhecer nossa herstória e lutas isso é visto como um ato de exclusão? Por que estou eu novamente sendo dita que mulheres Negras não podem se juntar e que há algo de errado com este desejo e necessidade? É um ato de revolução para lésbicas Negras dizer “nós queremos nosso espaço sem você”… seja lá quem você for. É algo também, e sempre esteve sendo desde que fomos trazidas aqui, ser visto como desacato as mulheres negras se reunirem. Era contra a lei em tempos de escravidão que pessoas Negras estarem sozinhas umas com as outras, a não ser que fosse como massa de manobra. Então isso quer dizer que eu sou uma merda duma escrava outra vez?É hora de parar de mentir para nós mesmas, as crianças não estão bem/certas e há muito diálogo que necessita ocorrer sobre quem somos nós em essa comunidade LGBTQ assim como quais nossas necessidades. É hora de sair dessa cultura de medo que norte-americanos tão profundamente sofrem e por meio da qual funcionam. Um novo dia e tempo está sobre nós todas e estamos sendo pedidas para mover-nos e mudar ou sermos deixadas atrás na areia universal.
“As mulheres de hoje ainda estão sendo chamadas a atravessar a fenda da ignorância masculina e educar os homens sobre nossas existências e nossas necessidades. Essa é uma ferramenta velha e arcaica usada por todos os opressores para manter as oprimidas ocupadas com as preocupações do senhor. Agora temos ouvido que é tarefa das mulheres de Cor educar mulheres brancas – frente à tremenda resistência – sobre nossa existência, nossas diferenças, e nossos respectivos papéis em nossa sobrevivência conjunta. Isso é um desvio de energias e uma trágica repetição do pensamento racista patriarcal (…) como Adrienne Rich afirmou em uma palestra recentemente, as feministas brancas empenharam-se enormemente em educar-se sobre elas mesmas nos últimos dez anos, então como não se educaram também sobre mulheres Negras e as diferenças entre nós – brancas e Negras – quando isso é a chave para nossa sobrevivência enquanto movimento?.”
– Audre Lorde, as ferramentas do mestre nunca vão desmantelar a casa grande
“Talvez para algumas de vocês aqui hoje, eu sou a face do um de seus maiores medos. Porque eu sou mulher, porque eu sou negra, porque eu sou lésbica, porque eu sou eu mesma”
— Audre Lorde, Sister Outsider.
Estarmos juntas as mulheres não era suficiente, eramos diferentes.
Estarmos juntas as mulheres lésbicas não era suficiente,
eramos diferentes.
Estarmos juntas as mulheres negras não era suficiente,
eramos diferentes.
Estarmos juntas as mulheres lésbicas negras não era suficiente,
eramos diferentes.
Cada uma de nós tinha suas próprias necessidades
e seus objetivos e alianças muito diversas.
A sobrevivência nos advertia a algumas de nós
que não nos podíamos permitir definir-nos a nós mesmas facilmente, nem tampouco fechar-nos em uma definição estreita…
Fez falta um certo tempo para dar-nos conta de que nosso lugar era
precisamente a casa da diferença, mais que a segurança de uma diferença em particular.
– Audre Lorde
Ela é negra na cor raspou o cabelo, Ela é autoestima
em frente ao espelho, Ela é…
Ela é Frida , Ela é Angela Davis, ela é Valerie Solanas,
faz prosa, faz verso, Ela é fortaleza,
Ela é Amazona, Ela é memória viva, Ela é sutil, no
Verso exposto ela tem franqueza, sua ginga é
vera
destreza, Ela é…
Vai que vai!… Lésbika antiestétika
Lésbika antiestétika já rimou
Ela é poétika revolucionou
Antiestétika o mito da beleza destruiu
Vai que vai!… Lésbika antiestétika
Lésbika antiestétika
Seu abraço feminista é acolhedor
na denuncia anti machista sua voz é amplificador
“Ela é Banto, é Nagô, é Iorubá”, Ela é anti heteroNORMATIVA, vai te
escrachar
Ela rima, Ela decora, Ela berra, Ela cria, Ela não bebe e ser livre de
drogas propaga, Ela…
E a resistencia não acaba… lesbianidade É REBELDIA também…
ela vai mais além
Ei DJ “dead men don´t rape”, que Ela é mudança, Ela ri, Ela quer
assumir, quer beijar, quer amar,
Quer a lesbofobia abolir … “Ela é zica na cena”, Ela é poliamor
“Ela é ie ie ie ie, ou ou ou ou”…
Movimento P I N T O C O R E ela é skateboard. Ela está compondo
uma canção porém Ela é Rebel Girl, Ela é ms. 45
hein?! Ela é cheia de marra também já viveu, já
sofreu o heteropatriarcado racista na pele… tem parceria na ZN, ZS, ZO
América Latina, ABC e ZL…
Podia me apaixonar…
Ela batuca e protesta, Ela é quem forma a ciranda e DE MÃOS DADAS com a
irmandade
ilumina o breu,
Sororidade é noiz valeu…. ooo MANAXS QUE fortaleceu…
Críticas de uma guerreira Black, é a feminista radical is back, vai
vendo mulequA, Ela é capaz
de deixar os pelos do suvaco crescer e não voltar atrás, Ela é…
Vai que vai…! Lésbika antiestétika
Lésbika antiestétika já rimou
Ela é poética revolucionoau
Antiestétika o mito da beleza destruiu
Vai que vai!… Lésbika antiestétika
Lésbika antiestétika…
Lésbika antiestétika já rimou
Ela é poétika revolucionou
Antiestétika o mito da beleza destruiu
Vai que vai!… Lésbika antiestétika
Lésbika antiestétika…
(Lésbika Antiestétika é uma versão poética da música Mulher Elétrica dos Racionais Mc´s).
FORMIGA
num mundo de tudo é do homem
ate mesmo uma mulher
eu não me encaixo
sinto profunda solidão
os sonhos trazem esperança
meu desejo revela a conexão
com uma desertora
me refugio nos braços da amante
tivemos que tacar fogo na rua formando
barricadas de palavras
como armamento confeccionamos molotovs
e atiro contra policiais afetivo sexuais
meu machado protege este ninho
aquele que tentou chegar perto de meu sexo
voltou sem o seu
raspei os meus cabelos
e vesti as roupas dos meus primos
e não me deixam mais em paz no banheiro feminino
uma amiga apanhou na rua porque beijava sua companheira
enquanto abraçava minha namorada branca
eu chorei porque percebi que eu não tinha a mesma cor
e ganhei um poder quando me vi negrax
FORMIGA
“Eu me nomeio ‘lésbica’ porque essa cultura oprime, silencia e destrói as lésbicas, mesmo as lésbicas que não chamam a elas mesmas como ‘lésbicas’. Eu nomeio a mim mesma ‘lésbica’ porque eu quero ser visível para outras lésbicas negras. Eu nomeio a mim mesma ‘lésbica’ porque eu não quero subscrever-me à heterosexualidade predatória/institucionalizada. Eu me nomeio lésbica porque eu quero estar com mulheres (e elas todas não têm que chamarem-se a si mesmas ‘lésbicas’). Eu me nomeio ‘lésbica’ porque é parte da minha visão. Eu nomeio a mim mesma lésbica porque ser mulher-identificada foi o que veio me mantendo sã. Eu chamo a mim mesma ‘Negra’, também, porque Negra é a minha perspectiva, minha Estética, minhas políticas, minha visão, minha sanidade” –
– Cheryl Clarke, em “Novas Notas em Lesbianismo”.